A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) realizou, na noite desta quinta-feira (28), um congresso focado nos direitos da comunidade surda. Promovido pelo deputado estadual Wilson Santos (PSD), o evento abordou temas como acesso à educação, fortalecimento de políticas públicas inclusivas e representatividade.
Participaram do encontro representantes do governo estadual, instituições de ensino superior, organizações como o SESI SENAI MT, lideranças de associações de pessoas surdas, acadêmicos e especialistas.
Desafios e Inclusão da Comunidade Surda
Wilson Santos destacou as barreiras enfrentadas pelas pessoas surdas em Mato Grosso, que somam mais de 10 mil registros. Ele enfatizou a importância de garantir acessibilidade e oportunidades. “No Brasil, a Libras é reconhecida como a segunda língua oficial, e através dela, muitas pessoas podem desenvolver suas habilidades e se conectar à sociedade. Precisamos abrir mais espaço no Parlamento e em outras instituições para que essas pessoas tenham voz,” afirmou.
A defensora pública Cleide Nascimento reforçou que a legislação existente muitas vezes não é cumprida. Ela orientou que a Defensoria Pública seja acionada para buscar a efetividade dos direitos das pessoas surdas.
O professor de Libras da UFMT, Josué Shimabuku, abordou a necessidade de valorização dos intérpretes de Libras, destacando que, apesar do reconhecimento da profissão por lei, ainda falta compreensão social sobre seu papel.
Acessibilidade no Mercado de Trabalho e Educação
Rodrigo Guimarães de Souza, da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiências da OAB-MT, celebrou avanços, como a contratação de intérpretes em órgãos públicos. No entanto, ele pontuou que a presença desses profissionais deve ser ampliada para áreas como hospitais e outros serviços essenciais.
A servidora Lhaís Pinheiro, pessoa surda que trabalha no Espaço Cidadania da ALMT, destacou a importância de sua atuação no atendimento ao público, ajudando tanto surdos quanto ouvintes.
Demandas e Avanços Necessários
Priscilla Lopes Ferreira, professora e mestranda em Estudos de Linguagem, apontou a diminuição de vagas para surdos no sistema educacional como uma das principais barreiras. Ela defendeu mais iniciativas para garantir igualdade de oportunidades, incluindo vagas específicas em concursos públicos e maior visibilidade da causa.
Francilene Machado de Almeida, doutoranda em Linguística e pessoa surda, ressaltou a importância de ampliar o reconhecimento das línguas de sinais, aumentar o número de intérpretes e promover campanhas de conscientização.
Representatividade e Conscientização
Durante o evento, palestras de profissionais surdos compartilharam trajetórias e conquistas, com reflexões sobre acessibilidade e inclusão. A professora Laura Lizardo Faria apresentou um panorama histórico da comunidade surda, destacando avanços e desafios ao longo dos séculos.
