A valorização dos profissionais acima de 50 anos cresce no mercado de trabalho de Cuiabá. Levantamento realizado pelo Núcleo de Inteligência de Mercado da Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CDL Cuiabá), em janeiro de 2025, revela que 65% dos empresários e RHs já contrataram pessoas nessa faixa etária e impressionantes 85% pretendem manter ou ampliar essas contratações.
Histórias como a da costureira Enerzene Jesus Botelho, 73, ilustram a força do grupo “50 Mais”. Dona Zeni adaptou-se ao home office: “A empresa traz o trabalho até minha casa, faço as peças e eles vêm buscar”, conta. Para os especialistas consultados, profissionais experientes agregam maturidade, comprometimento, responsabilidade e contribuem com experiência e gestão de crises, diferenciais valorizados por empregadores, segundo Junior Macagnam, presidente da CDL Cuiabá.
Do lado dos desafios, empresas apontam como principais barreiras a resistência às novas tecnologias (27%), diferenças geracionais (13%) e dificuldades de adaptação a novas metodologias (9%). A capacitação em tecnologia e ferramentas digitais aparece como principal demanda para assegurar competitividade (74%), acompanhada por comunicação (32%) e liderança (9%).
Casos como o de Jociel Rodrigues, 58, caixa de supermercado, mostram como a reinserção no mercado é possível com atualização constante: “Minha maior dificuldade é aprender a mexer com as novas tecnologias, que são muito dinâmicas. Mas, com dedicação, conquistei estabilidade.”
Segundo o pesquisador e diretor de RH Reidene de Oliveira Silva, doutorando pela Fucape, ainda existem barreiras culturais à inclusão, mas há um potencial enorme em ambientes que valorizam a diversidade geracional. Sua pesquisa mostra que, além da contratação, é preciso criar ecossistemas onde esses profissionais possam ser protagonistas, trazer suas histórias e se desenvolver.
A pesquisa da CDL evidenciou ainda que 69% dos entrevistados não fazem distinção de idade ao contratar, enquanto 61% apontaram experiência e conhecimento como fatores decisivos. Adaptabilidade às novas tecnologias (22%) e alinhamento à cultura organizacional (20%) também pesam nas decisões.
