A diretoria da Fundação Abrigo Bom Jesus marcou presença na audiência pública que discutiu o projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026, nesta semana, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, com o objetivo de reivindicar mais recursos para a área da assistência social, especialmente para a causa da pessoa idosa institucionalizada. A participação ocorreu a convite dos deputados Carlos Avalone e Wilson Santos.
Durante a sessão, a presidente do Abrigo, Márcia Ferreira, expôs a preocupação com o volume considerado inexpressivo de recursos destinados às causas sociais no orçamento previsto para 2026. Segundo os números oficiais apresentados, os projetos sociais receberão pouco mais de R$ 300 milhões.
Para a diretora, o valor é insuficiente para atender às demandas dos 141 municípios mato-grossenses. “Pelos cálculos que fizemos, isso daria cerca de R$ 2 milhões por município. Só o Abrigo Bom Jesus, no atendimento a cem idosos e com 80 funcionários, fechará o exercício de 2025 com um custo superior a R$ 6 milhões de reais”, alertou.
Ela também destacou que instituições filantrópicas que acolhem idosos continuam sem acesso aos recursos da saúde, área que concentra mais de R$ 4 bilhões no orçamento estadual, ficando atrás apenas dos setores de educação e previdência. “Infelizmente, as instituições que acolhem idosos não conseguem acessar esses recursos da saúde, apesar de enfrentarem demandas semelhantes e igualmente essenciais”.
Outro ponto considerado crítico pela diretora é a redução de quase 5% no orçamento da Secretaria de Estado de Assistência Social (Setasc), justamente o órgão responsável pela gestão das políticas públicas e dos projetos sociais no estado. “Muito nos surpreende e nos parece incoerente a LOA projetar aumento nas despesas com pessoal e custeio na Setasc, e ao mesmo tempo reduzir drasticamente os investimentos em projetos sociais”, concluiu.
O pleito apresentado pela Fundação Abrigo Bom Jesus recebeu acolhida favorável do secretário de Fazenda, Rogério Gallo, dos parlamentares membros da Comissão de Fiscalização e Acompanhamento da Execução Orçamentária, e do deputado Eduardo Botelho, presidente da Comissão de Constituição e Justiça e voluntário atuante na causa da pessoa idosa institucionalizada.
A expectativa agora é de que o parlamento possa indicar um incremento no orçamento destinado à área social. Márcia lamentou, porém, a pouca participação de entidades representativas no debate, especialmente das OSCs (Organizações da Sociedade Civil).
Segundo ela, “a presença conjunta dessas organizações é fundamental para reivindicarmos os investimentos necessários e garantirmos políticas públicas que realmente alcancem os mais vulneráveis”.
Além do Abrigo Bom Jesus, somente a Associação Seara de Luz, que atende crianças e idosos, se fez presente, representada pela sua coordenadora de comunicação, jornalista Rosana Vargas, que reforçou a tese de que a expectativa de vida cresce, mas os investimentos em assistência social diminuem. “O poder público precisa enxergar instituições como a Seara de Luz e o Abrigo Bom Jesus como parceiras estratégicas, não apenas como solicitantes. Sem uma política pública efetiva e recursos adequados, a maratona pela vida digna vai continuar. Precisamos de uma união e esforço maior das instituições públicas e filantrópicas que atendem os desassistidos para mudar esse ciclo”, pontuou a jornalista.
Assessoria Abrigo Bom Jesus